Potenciômetros: Faça a escolha certa! Parte 2 – 250k ou 500k?


Um jeito popular de atenuar alguns agudos no seu timbre é soldar um resistor de 500k ohm em um pot de 500k ohm para efetivamente transformá-lo em um pot de 250k. Existem até alguns esquemas de ligação por aí que tornam um pot de 500k em um de 250k dependendo da posição da chave seletora de cinco vias, então você tem um pot de 250k com seus captadores single-coil e um pot de 500k com seu humbucker. Também é sabido que um pot de 500k oferece mais agudos do que um de 25k. Mas o “porquê” disso permanece um assunto nebuloso. Então, vamos direto ao ponto: por que o valor do pot importa?

Para responder a essa pergunta, precisamos dar uma olhada mais de perto no que um captador, potenciômetro de tom e potenciômetro de volume realmente são em um sentido eletrônico. O potenciômetro de volume e o potenciômetro de tom compartilham um componente principal: o potenciômetro. Normalmente, ele nada mais é do que um divisor de corrente: ele divide a corrente em duas partes em relação à resistência. Uma parte vai para onde você quer que vá, e o resto vaza pelo aterramento.


Aqui está uma figura:

Pots de 250k vs 500k: Entendendo a Diferença

A lei de Kirchhoff afirma que a tensão elétrica deve ser distribuída igualmente entre todos os resistores de um circuito, proporcional ao valor de cada resistor. Essa lei é muito útil para entender como um potenciômetro funciona.

Imagine que um captador produza 100 volts e o potenciômetro tenha 100 ohms. Quando o potenciômetro está totalmente aberto, o primeiro resistor (R1) tem 100 ohms e o segundo resistor (R2) tem 0 ohms. De acordo com a Lei de Ohm (U=IR, onde U é voltagem, I é corrente e R é a resistência combinada de R1 e R2, ou seja, R1+R2=R), toda a tensão de 100 volts passa pelo primeiro resistor (R1). Isso porque a Lei de Ohm nos diz que a corrente só pode ser zero se a resistência for infinita, e como R2 tem 0 ohm, toda a corrente (e consequentemente o sinal) precisa passar por R1.

O mesmo princípio funciona ao contrário: se R1 for 0 ohm e R2 for 100 ohms, todo o sinal passará por R2, pois R2 está conectado ao aterramento. Ao aterrar o sinal, nós o eliminamos do circuito.

Pots como Filtros de Tone e a Influência da Classificação

Para entender como os potenciômetros funcionam como filtros de tonalidade e por que os de valor mais alto filtram menos agudos, precisamos dar uma olhada em algo chamado filtros.

Os filtros existem em todos os tipos, formas e tamanhos, podendo ser muito simples – como o potenciômetro de tom em uma guitarra – ou incrivelmente complexos. Eles podem filtrar algumas frequências, mas também amplificá-las. Os filtros podem ser passivos ou ativos, o que significa que o sinal é armazenado em buffer e amplificado para compensar a degradação do sinal (o que inevitavelmente acontece se você colocar muitos componentes em um circuito).

Um potenciômetro de tom é um filtro simples. Por ter apenas um componente de filtragem, pode ser chamado de filtro de primeira ordem. Devido à sua construção, ele permite a passagem apenas de frequências baixas, portanto, o nome completo é filtro passa-baixo de primeira ordem. A parte “inusitada” do potenciômetro de tom é que ele permite alterar a parte do resistor de todo o filtro. Em outras palavras, um potenciômetro de tom com 500k ohms proporcionará o mesmo som na metade do curso que um potenciômetro de 250k no mesmo circuito.

A quantidade de agudos que podem ser realmente filtrados depende do capacitor e do resistor. O resistor cortará uma quantidade inicial de agudos, mas o resultado final ao girar o potenciômetro também depende do capacitor. Portanto, usar um capacitor de valor mais alto filtrará mais agudos do que um de valor mais baixo.

No entanto, todo o filtro também possui um pico de ressonância. Isso significa que a maneira como o filtro atua difere de acordo com seus componentes. Na prática, podemos dizer que um potenciômetro de 500k e um capacitor de 470 pF filtrarão frequências agudas diferentes (e outras frequências também!) do que um potenciômetro de 250k e um capacitor de 220 pF. Experimentar com isso lhe dará resultados diferentes e poderá levar a um timbre que você goste.

O Pot de Volume: Uma História à Parte

O potenciômetro de volume é uma história completamente diferente. Ele funciona em conjunto com o próprio captador da guitarra. Os captadores que usamos regularmente são passivos, ou seja, não necessitam de bateria. Esses captadores podem ser vistos como filtros passa-baixo de segunda ordem com um pico de ressonância. Um filtro de segunda ordem é aquele com dois componentes de filtragem: um capacitor e uma bobina. A bobina do captador funciona como ambos ao mesmo tempo. Todas as voltas da bobina criam uma capacitância que também filtra alguns agudos, além da própria bobina filtrar alguns agudos. O pico de ressonância é a frequência na qual o captador ressoa, podendo ser visto como a frequência que o captador emite com mais facilidade (isso não é totalmente verdade, mas é uma maneira fácil de encarar a frequência de ressonância por enquanto).

O termo “carga” está sendo usado com mais frequência e principalmente em relação a amplificadores valvulados. É um mantra conhecido entre os guitarristas que usam amplificadores valvulados: nunca deixe seu amplificador ligado sem carga, ou ele poderá ser danificado! A carga nada mais significa do que “tirar” a tensão e/ou corrente do que está produzindo esse sinal. Existem dois tipos de cargas relevantes: carga resistiva e carga capacitiva. Uma carga capacitiva reduzirá a frequência da ressonância. Um bom exemplo é um cabo de guitarra longo: quanto mais longo for o cabo, mais agudos você perde. Uma carga resistiva reduzirá a amplitude da frequência de ressonância. Coincidentemente, como um potenciômetro de volume é uma carga resistiva, você perde alguns agudos quando diminui o volume.

Um filtro passa-baixa de segunda ordem tem o seguinte esquema geral:

A Resistência do Pot de Volume

A resistência do potenciômetro de volume é variável, mas sua localização no circuito não muda. O próximo esquema mostrará apenas a resistência para a qual o potenciômetro está configurado em um determinado momento. Isso pode ser qualquer valor entre zero (criando um curto-circuito para que nenhum sinal passe para o amplificador) ou o máximo do seu potenciômetro (por exemplo: 250k ou 500k ohms). Não achei necessário desenhar o potenciômetro inteiro (como um divisor de tensão) porque só nos interessa o valor que funciona no captador. Portanto, o esquema com a resistência do potenciômetro de volume é o seguinte:

A Resistência do Potenciômetro de Volume e a Atenuação dos Agudos

A resistência do potenciômetro é a parte mais importante. Ela altera a amplitude da frequência de corte. Quanto menor a resistência, maior será a atenuação das frequências agudas, devido ao seu impacto relativo na impedância do filtro de segunda ordem (ou seja, o captador). Quanto maior a resistência, menor o impacto, menos ela pode alterar a frequência de corte e menos agudos você perde.

A explicação detalhada é bem complexa. Aqui vai uma versão simplificada: o resistor age como uma carga sobre o sistema (o captador, neste caso) e, se a carga não for “compatível” com o sistema, ela puxará mais corrente do que o sistema pode fornecer. Como resultado, a carga puxará mais corrente onde puder, e isso acontece nas frequências mais altas, que possuem bastante “potência”. Imagine toda a onda senoidal de eletricidade sendo emitida pelo captador enquanto você toca como tendo picos em certas faixas de frequência, e a média de todos aqueles picos juntos é o que percebemos como a saída total.

Para que a carga seja compatível, o design do circuito deve ser considerado. O fabricante do captador o projeta com parâmetros específicos, e quanto maior a incompatibilidade “acima” do valor de toda a impedância do captador, menos corrente é drenada e, portanto, menos agudos você perde. O motivo pelo qual um resistor de valor mais baixo consome mais corrente é fácil de entender em termos de matemática. A Lei de Ohm se torna muito útil novamente. Ela fornece a relação entre tensão, corrente e resistência: U = I * R. A quantidade de tensão permanece a mesma, então se R diminui, I precisa aumentar para manter U no mesmo nível e vice-versa.

Curiosamente, isso também acontece no seu amplificador valvulado. Se a impedância da caixa e do amplificador não corresponderem, os alto-falantes puxarão mais corrente se a incompatibilidade diminuir (ou seja, os alto-falantes “precisam” de 8 ohms, mas estão recebendo 16 ohms) ou puxarão menos se a incompatibilidade aumentar (ou seja, o inverso, os alto-falantes estão recebendo 16 ohms quando deveriam receber 8 ohms). O problema com a última opção é que seu amplificador não consegue liberar sua potência adequadamente, então haverá um “acúmulo” de energia dentro do amplificador. O resultado é que você pode destruir suas válvulas ou, pior ainda, o transformador de saída. Isso não vai acontecer no instante em que você plugar a caixa incompatível, mas mesmo assim não é uma boa ideia.

Mas voltando aos potenciômetros! Alguns guitarristas adoram a pequena atenuação de agudos causada por um pot de valor mais baixo, outros não podem viver sem os agudos mais agudos. Alguns guitarristas querem tanta clareza, definição e o mínimo de coloração possível dos captadores e potenciômetros que optam por usar captadores de baixa impedância. Alguns guitarristas acham que esses captadores soam frios e estéreis, outros os adoram. Gosto pessoal!

Agradecimentos especiais a Chris Winsemius (CMW Amps).

Equipe Seymour Duncan BR


Fonte do artigo: https://www.seymourduncan.com/blog/tips-and-tricks/250k-pots-versus-500k-pots-going-deeper-into-the-subject

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